quinta-feira, 24 de abril de 2008

TRÊS DA TARDE

Três da tarde, um calor de rachar. Do asfalto sai uma fumaça transparente que deforma tudo o que se vê através dela. O sol não perdoa aquela cabeça que está quase de miolos cozidos, mas que teima em continuar andando. Andar é o mínimo que ele pode fazer pra conseguir se livrar daquela farda que torna o dia muito mais quente.

Preferiu trocar o vale-transporte por chocolates e outras besteiras, e ir pra casa à pé. Enquanto comia os chocolates nem lembrava desse sol. Agora só lembra dos chocolates que estão embrulhando seu estômago. Uma vez ouvira falar que o resultado da equação “chocolate + calor” não era muito bom. Agora sentia na pele essa verdade.

O melhor a fazer talvez fosse tentar esquecer. Contar os postes do caminho. Esquecer que aquilo era um caminho. Estava tão longe e a Frei Serafim era tão imensa, pra quem a percorre a pé...

Nesses delírios de fome e sede, à uma distância infinita de casa, quase foi atropelado por um carro. Ao invés de lhe oferecer uma carona, o cara engravatado e mal-humorado lhe xingou. Coitado! Não deve ter tido uma boa adolescência! E continuou o mirrado estudante em sua longa viagem, com seu imbatível bom humor.

Por que diabos esse condicionador de ar não esfria? Ter que andar de terno e gravata nesse calor era, definitivamente, a pior parte desse serviço. Cobranças de clientes, má vontade de juízes, perder a paz... não. Nada disso era pior.

E agora, esse trânsito infernal. Motociclistas enfiam-se no espaço onde só cabem exatamente suas motos, que vão costurando tudo. E buzinando; o celular toca, mas ele não pode atender, pois ali na frente tem um homem de boné branco que está doido pra lhe tirar o sangue...

Pega um chocolate no porta–luvas e come. Lembrou-se que há muito tempo ouvira falar num desagradável resultado para a soma “chocolate + calor”. Mas não se importava com isso agora.

Ás vezes sentia saudades dos tempos em que trocava os vales-transporte por chocolates, e acabava voltando pra casa à pé. Ia que nem sentia o caminho.

E nesses devaneios de chocolates no calor que o ar condicionado do carro não diminui, quase atropela um estudante magrinho que atravessava a Frei Serafim distraído...

Onde esses estudantes de hoje em dia andam com a cabeça? No seu tempo era tudo tão diferente... Buzinou, xingou o rapaz, e foi embora com seu mau humor.

6 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o texto...
me identifiquei bastante com o sol... o calor... as motos, celular tocando
hehehehe
eu tava me vendo
num deixe de postar nao
:*

Julio Samico disse...

Opa.

Anônimo disse...

Chocolate, queria um agora!

Anônimo disse...

Maionese ela me bate, bate como maionese!!!!

Aline Chaves disse...

quando a aula acabava 1 e 20... voltava com um picolé de limão e um ouro branco pra casa xD

beijo!

Anônimo disse...

quanta asneira...