terça-feira, 29 de abril de 2008

BOA HORA

Eis a solução do seu dilema:




Junte seus problemas em uma sacola

Amarre bem a boca e jogue fora.

A tal sacola iria fora à boa hora

A sacola de casa, do trabalho, da escola...








E haja sacola pra tanto problema.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

TRÊS DA TARDE

Três da tarde, um calor de rachar. Do asfalto sai uma fumaça transparente que deforma tudo o que se vê através dela. O sol não perdoa aquela cabeça que está quase de miolos cozidos, mas que teima em continuar andando. Andar é o mínimo que ele pode fazer pra conseguir se livrar daquela farda que torna o dia muito mais quente.

Preferiu trocar o vale-transporte por chocolates e outras besteiras, e ir pra casa à pé. Enquanto comia os chocolates nem lembrava desse sol. Agora só lembra dos chocolates que estão embrulhando seu estômago. Uma vez ouvira falar que o resultado da equação “chocolate + calor” não era muito bom. Agora sentia na pele essa verdade.

O melhor a fazer talvez fosse tentar esquecer. Contar os postes do caminho. Esquecer que aquilo era um caminho. Estava tão longe e a Frei Serafim era tão imensa, pra quem a percorre a pé...

Nesses delírios de fome e sede, à uma distância infinita de casa, quase foi atropelado por um carro. Ao invés de lhe oferecer uma carona, o cara engravatado e mal-humorado lhe xingou. Coitado! Não deve ter tido uma boa adolescência! E continuou o mirrado estudante em sua longa viagem, com seu imbatível bom humor.

Por que diabos esse condicionador de ar não esfria? Ter que andar de terno e gravata nesse calor era, definitivamente, a pior parte desse serviço. Cobranças de clientes, má vontade de juízes, perder a paz... não. Nada disso era pior.

E agora, esse trânsito infernal. Motociclistas enfiam-se no espaço onde só cabem exatamente suas motos, que vão costurando tudo. E buzinando; o celular toca, mas ele não pode atender, pois ali na frente tem um homem de boné branco que está doido pra lhe tirar o sangue...

Pega um chocolate no porta–luvas e come. Lembrou-se que há muito tempo ouvira falar num desagradável resultado para a soma “chocolate + calor”. Mas não se importava com isso agora.

Ás vezes sentia saudades dos tempos em que trocava os vales-transporte por chocolates, e acabava voltando pra casa à pé. Ia que nem sentia o caminho.

E nesses devaneios de chocolates no calor que o ar condicionado do carro não diminui, quase atropela um estudante magrinho que atravessava a Frei Serafim distraído...

Onde esses estudantes de hoje em dia andam com a cabeça? No seu tempo era tudo tão diferente... Buzinou, xingou o rapaz, e foi embora com seu mau humor.

domingo, 20 de abril de 2008

FRASE DO DIA

"DESCONHEÇO."

(Ana Carolinha Jatobá, ao ser informada pela polícia que havia manchas de sangue de Isabella no carro da família e numa fralda)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

CRIATURAS DO BANHEIRO

21/12/2005 – 10:56 da manhã


Até as horas mais recônditas

A luz azul entorpece-me

E sua conversa encanta a qualquer um


Mas chega o momento

Crucial em que tudo se

Transforma em quase nada


São brancos e chiam.

Todos chiam.


O azul vira branco por inteiro

E ao som do chiado me levanto

E vou enfrentar

Todos os monstros do banheiro.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Prélio

Sinto algo correndo em minhas veias

Algo que vai percorrendo meu corpo e o fazendo mudar.

Existe algo em minas veias,

E que não estava aqui antes.

Existe algo corroendo minhas veias,

Algo que vai amolecendo meu corpo e deixando-o mais pesado.


Existe vida em minhas veias.

Mas vida que não é a minha.

Existe uma vida correndo em mim.

Uma vida destrutiva,

Uma vida que tende a querer acabar com a minha.


Existe guerra em minhas veias.

E no momento estou perdendo.

Estou sem forças, cansado e ofegante.

Estou farto dessa luta, mas não me entrego,

Essa guerra eu não posso perder.


Existe vida em minhas veias.

Uma vida que pretendo acabar.

Há guerra em minhas veias.

Uma guerra que pretendo vencer.

Há um vírus correndo em minhas veias.

Um vírus que pretendo liquidar.


Sinto algo em minhas veias...

Algo que não consigo me livrar...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

SER ALGUÉM PARA TER ALGUÉM

Para que lutar pra ser alguém na vida? A resposta a essa pergunta pode vir de várias maneiras, mas a que eu mais gosto é a que diz que não lutamos pra SER alguém na vida, e sim para TER alguém na vida.

O problema é que esta luta é cheia de percalços, quase sempre inesperados. Temos a certeza de que tudo está sob o mais absoluto controle, quando então nos deparamos com uma surpresa. E digam-me, por favor: Quem vai adivinhar as surpresas que a vida nos reserva? Se as adivinhássemos não seriam surpresas, certo? Certíssimo, e a minha vida me reservou algumas, que nem sempre foram agradáveis.

Um show - uma fã - um fica - um ano - um namoro – um amor - uma distância sem fim: Esse é o resumo das surpresas mais significantes da minha vida nos últimos dois anos. E o resto é resto. Lado profissional, este eu nem conto. O financeiro/profissional nada mais é do que um preparatório pra ter quem se ama perto de você. De que adianta lutar pra ter status, dinheiro, luxo, se não for pra ter o ser amado ao seu lado?

Diante da luta do dia-a-dia, deixamos algumas coisas pequenas e de menor importância de lado. Mas não devemos deixar de lado coisas importantes pra toda a nossa vida, apenas por não percebermos isso.

Queria poder largar tudo e ir atrás do meu amor. Mas como diria meu amigo Léo: Como largar tudo, se eu não tenho nada? Boa, Léo. Ótima desculpa. Quando eu tiver alguma coisa eu largo. Mas deixa-me ter, primeiro. Enquanto não tenho, meu amor, venha pra cá.