terça-feira, 27 de novembro de 2007

Palavras

As palavras escorrem da sua boca como uma baba viscosa, esparramando-se por sobre a mesa.

Criam vida, ao mesmo tempo em que parecem querer tirar a nossa. E crescem... E nos sufocam!

Mas vejam só: quando estamos quase submersos nelas, o locutor começa a engolí-las de volta, até que, enfim, termina por salvar-nos, morrendo afogado em suas próprias palavras.



domingo, 25 de novembro de 2007

Minhas lembranças

Hoje assisti a um filme, não um desses atuais, ele deve ter mais de um ano, não sei bem, mas de alguma forma sua mensagem foi forte, forte o bastante para fazer-me refletir.
Em uma das cenas do filme havia uma citação do Alexandre Pope, que dizia mais ou menos assim: “Feliz é o destino da inocente vestal; Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida; Brilho eterno de uma mente sem lembranças; Toda prece é ouvida, toda graça se alcança.”
Não sei a visão que se tinha no final do século XVII, mas certamente não concordo com Alexandre Pope, pelo menos na maioria do seu pensamento.
O Ser–humano vive cada momento de sua vida aprendendo, se aperfeiçoando, evoluindo, e no fim, tudo que nos resta são nossas lembranças, são elas que nos tornam eternos. Criaturas imortais. Súbitos pensamentos que após convertidos em palavras nada mais são do que lembranças.
Não devemos ter medo de nossas lembranças, elas são nossa razão de ser. Triste é o destino da pobre vestal, esquecendo o mundo e sendo esquecida. Triste é uma mente sem lembranças.
Mas sendo verdade que toda prece é ouvida e toda graça alcançada, peço-te ó Deus: - Não deixeis que me esqueçam. Rogo-te para que nunca tire minhas lembranças. Ajuda-me a superar e aprender com elas, mas nunca, nunca, meu bondoso Deus, deixe-me um dia cair no esquecimento.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Breve Pedido De Satisfação Ao Mundo

- Sinta-me mundo:

Dê suas voltas

E volte por aqui

Amanse as revoltas

Enquanto eu dormir

- Sinto-me imundo:

Por que não me soltas?

Livrai-me de ti

Dessas vidas mortas

Desejo fugir

- Escolha o caminho

Que posso seguir

Deixe-me sozinho

Deixe-me ir...

- Mas... pra onde?

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Vícios

Estamos na teia

num canto de algum lugar.

Presos um no outro,

respiramos o mesmo ar:

Cheiro-te, te inalo e quanto mais te cheiro

mais preciso te cheirar.

Qualquer dia vou tentar te injetar...

Aí, além de te ter na teia

vou te ter na veia.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Seja um oceano

Olha só a minha sorte, acabei de encontrar o texto ao qual havia me referido em uma das publicações passadas “Crepúsculo”, e estou compartilhando-o com vocês meus amigos. Se alguém souber quem é o autor desse texto, por favor me avise que os créditos serão repassados ao mesmo.

"Mesmo antes de um rio cair no oceano, ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada: os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê a sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece, porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano. Mas tornar-se oceano. Por um lado é o desaparecimento e por outro lado é o renascimento. Assim somos nós. Só podemos ir em frente e arriscar. Coragem!"

Avance, lute, torne-se um oceano!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O Homem Motorizado


Sinal fechado. Mas, Deus, isso que estou ouvindo gritando desesperadamente é uma buzina? Quem será a criatura que não percebe que não posso simplesmente passar por cima de todas as leis que regem nosso trânsito e ultrapassar o limite de um sinal vermelho? Se o meu carro não se parece nem um pouco com aqueles que apareciam nos episódios dos Jetsons (quem se lembra?), que voavam e não precisavam obedecer ao sinal fechado, então qual a razão desse cidadão não perceber que não posso simplesmente levantar vôo e liberar a pista pra ele?

Isso me joga para um daqueles momentos em que tudo congela e adentramos em outro mundo: o dos pensamentos. Esse homem que está atrás de mim buzinando desesperadamente, ávido por uma pista livre, deve ser uma pessoa fina e educada em casa, no trabalho, enfim... no meio social em que vive. Mas parece que algo sobrenatural acontece quando adentra ao seu veículo.

De uma hora pra outra torna-se um monstro irracional, sem limites para a brutalidade, e começa a enxergar todos os outros ao seu redor como a ele mesmo. Naquele momento, desaparece o homem pacato, cidadão respeitável e surge o Homem Motorizado. Abram alas para o Homem Motorizado, ele precisa passar. Cuidado com o Homem Motorizado, um andar mais devagar pode tirá-lo do sério. Você precisa ter pressa, ao estar na frente do Homem Motorizado. Não sei em que recôndito do seu ser escondeu-se o homem de bem, educado e fino. Ele agora imagina que meu carro pode voar.

Se estava tão apressado assim, por quais razões não saiu mais cedo? Agora está aí atrás, buzinando... Posso ver a fúria em seu olhar pelo retrovisor, ao apertar a buzina insistentemente... Lembrei-me de uma velha piada.

- Sabe qual é a menor fração de tempo já registrada pelo ser humano?

- A que existe entre o sinal verde e a primeira buzina.

Só percebo que o sinal enfim abriu pela risada do flanelinha, achando que estou atrasando a vida do Homem Motorizado de propósito, como a dar-lhe uma lição. Talvez eu esteja. Mas não é essa a minha real intenção. Retribuo ao sorriso e engato a primeira. Abram alas para o Homem Motorizado!

Terça-Feira 13: A Perpetuação da CPMF

Olá meus amigos leitores, hoje pela manhã acordamos com a triste notícia de que a Contribuição PROVISÓRIA sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e de Direitos de Natureza Financeira, a famosa CPMF está para ser prorrogada mais uma vez, agora ela se estenderá até 2011.
O que eu não consigo entender é como nós, o povo brasileiro, aceitamos tudo o quanto nos é empurrado de garganta abaixo pelo Congresso Nacional com a calma de quem tem a vida toda para esperar por um milagre ou um futuro ao qual poderemos um dia nos tornar um país de 1º mundo.
Um dia já berrava Renato Russo na célebre frase: “Que país é esse?” e hoje meus caros, acordo me fazendo a mesma pergunta, mas irei explicar um pouco da minha revolta.
A CPMF é um tributo criado por Medida Provisória e convertido na Lei 9.311/96 que veio para substituir o IPMF, antigo imposto cobrado pelas instituições bancárias.
Ocorre que em 1999 a CPMF foi “extinta” e substituída pelo Imposto pelas Operações Financeiras - IOF, porém no ano seguinte, em 2000 a CPMF voltou com gosto de gás e manteve-se o IOF, criando-se mais uma fonte de receita para o Governo.
Atualmente pagamos 0,38% de toda e qualquer movimentação financeira, exceto depósitos, que realizamos, o que garante aos cofres públicos 40 BILHÕES de reais. E não adianta querer me convencer que esse dinheiro é para uma boa causa, pois a CPMF passa longe de cumprir seus objetivos iniciais, assim temos que garantir que a máquina LULA se perpetue no poder, pois nunca se gastou tanto no Brasil.
Mas o Governo, meus caros, é bonzinho, e aceitou depois de muita discussão diminuir a alíquota de 0,38% para 0,36% em 2008 e reduzirá mais ainda até o patamar de 0,30% até 2011, e vai isentar quem recebe até R$ 2.894,00 o que fará com que o bondoso Estado deixe de arrecadar cerca de 20 Bilhões de reais.
Mas o que importa mesmo é que a CPMF irá se perpetuar no tempo, criada em 1996 e cobrada a partir de 1997 a CPMF completa 10 anos de existência, e pelo visto terá vida longa.
Sinceramente minha gente, é tanta imundice que acontece no Planalto Central que não dá para medir em palavras. Resta-nos torcer para que a medida não seja aprovada na votação do Senado, o que é praticamente impossível, e que continuemos assim, parados, inertes perante o mundo político que se move ao nosso redor e a cada dia nos tira um pouco mais.
Continuemos parados, esperando um milagre, esperando ser o país do futuro, esperando continuar com a esperança de viver melhor, pois somos todos uns otários, assim como eu, Arnaldo Jabor e todos os brasileiros que simplesmente aceitam e pagam pela inércia.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Crepúsculo

Não sei já notaram, mas o crepúsculo de Teresina é lindo, o Sol fica avermelhado, triste, quase sem vontade de ir embora, quase sem querer deixar que sua companheira Lua entre para o seu turno de trabalho.
Triste, sim, essa é essencialmente uma hora triste, por vários motivos, mas acredito que o maior de todos deve ser o medo.
Sim meus amigos, o medo do desconhecido contínuo, de que o velho ciclo não se repita, e que com o passar das horas eu não veja a aurora do novo.
Ter medo é natural: uma vez li em uma nota de um autor desconhecido que o rio tinha medo de entrar no oceano, e dessa forma também penso. Concordo com o desconhecido que escreveu aquele texto, mas isso não quer dizer que me entrego ao medo, pelo contrário. Ter medo é bom e a sensação de superá-lo, melhor ainda.
O crepúsculo traz consigo as energias despejadas no dia, as angústias, as alegrias, as tristezas, enfim, todas as vibrações e as leva embora. Talvez essa seja uma das explicações para tal tristeza.
Mas não percamos a fé, e não deixemos que o medo nos atrapalhe, vivemos a vida a cada instante e acreditemos que no novo dia será diferente, a aurora trará alegria e o ciclo vai se repetindo, assim como nós, até o dia infalível que nos espera.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

No ônibus - Parte I

Às vezes fico pensando em coisas sem sentido. Mas depois de pensar um pouco mais elas deixam de ser tão sem sentido assim. Geralmente esses pensamentos me vêm em horas ociosas, quando nada mais posso fazer, a não ser pensar.
Este que tive agora me veio durante o trajeto casa-trabalho, dentro de um ônibus coletivo urbano. Um coletivo qualquer, como os milhares que devem existir por aí. Ouvindo uma música do U2 pelo aparelho de MP3 Player, comecei a reparar no semblante dos demais passageiros que seguiam atônitos, e associei o coletivo à uma vida.
Um entra e sai constante de pessoas que se acomodam, riem, conversam, cochilam, escutam músicas, etc., cada um com sua história, seus problemas, suas alegrias e decepções. Mas todos passageiros. Cada um passa o tempo necessário e sai de cena.
É assim conosco em nossas vidas. A vida é um coletivo. Pagamos o preço e saímos. Mas ao contrário do ônibus, na vida esse preço não é único, e muito menos tabelado. Ao seguir por essa linha de raciocínio acabo (com o perdão do triste trocadilho) desembarcando em uma dúvida que há tempos já atormentava Humberto Gessinger: Quanto vale a vida?
Não faço a menor idéia. Cheguei ao ponto máximo da minha viagem: o meu. Tenho que descer. O que me consola é que essa viagem termina por aqui, mas outras virão (assim como a vida), e pelo menos no ônibus eu sei o preço a se pagar. Procuro no bolso as moedas, e ao contá-las, constato feliz que ao menos o da próxima viagem eu já tenho!

domingo, 11 de novembro de 2007

Letras

Há tempos em que as letras cantam canções de ninar.
Tempos em que essas engenhosas armadilhas musicais
Te levam a um estado hipnótico onde é difícil reconhecer

A consciência, os sonhos e os murmúrios.

Há tempos em que as letras dançam.
Dançam ciranda, rodas e até capoeira.
Tentando a todo custo te passar uma rasteira.

Há tempos em que as letras imitam as marés.
Com suas correntes marítimas, correndo de um lado para o outro
E você, tolo, tentando segui-las.
E o mais improvável: compreendê-las.

Porém existem tempos em que as letras te dizem algo.
Que se chega até a compreendê-las.
Nessa hora, meu amigo, é bom ter cuidado:
Ou estás louco, ou já virou literatura.

sábado, 10 de novembro de 2007

Meus caminhos

As vezes acontece, isso chega de uma vez,
Não consigo explicar, é tudo confuso.
Sentimentos antagônicos me bombardeiam,
E trazem meus fantasmas mais sombrios.
Não é fácil lidar com isso.
Seres imaginários, porém reais.
Podem te matar com somente uma palavra.
Não há refúgio, não existe lugar seguro.
São meus fantasmas, eles me conhecem bem.
Sabem meus medos, meus atalhos,
E os buscam, para que eu me traia.
Porém acabou, não agüento mais!
Sem fugas, sem medo.
Meus dedos não mais me trairão.
Estou matando meus fantasmas, um a um.
E no fim, serei eu.
Marcado pelas batalhas,
Com cicatrizes de guerras,
Que marcam minha história,
Constituem meu Ser,
E me elevam ao status de maduro...